terça-feira, 14 de agosto de 2007

Danton Varejão

Danton, Danton Varejão.
Anotou? Idade? 28. Ah, tá bom, 32. Ok, 36 e não se fala mais nisso. Convidado? É claro que eu fui con-vi-da-do! Há anos o Velho me convida para as festas dele. Ele me chama antes pra fazer o feng shui do salão de fes-tas, e depois me convida para ficar. É claro, é isso que eu faço, eu sou o consultor ho-lís-ti-co do Velho. Não, eu não era o con-sul-tor holístico dele, eu sou o consultor ho-lís-ti-co dele porque mesmo no plano superior, ele se comunica co-mi-go, meu caro. Mas é lógico! O Velho e eu tínhamos e temos um relacionamento astral, que transcende a matéria!
Bem, o que aconteceu? Eu che-guei aqui às 3 da tarde e fui conduzido aos meus aposentos pelo senhor Cabelo. Aposentos? Sim, sem-pre que eu ia passar mais de poucas horas aqui, o Velho me disponibilizava uma suíte, para que eu ficasse mais à vontade. Pois é, gente coisa é outra fina. Bem, nos meus aposentos eu fiz minhas abluções e tomei um lan-che reforçado, trazido pelo senhor Cabelo. Lanche, ué, claro, se eu estou fra-co e fa-min-to, meu terceiro olho não vê o além! Pois é. Bem, após meu lanche, desci para o salão de festas, onde o Velho recebia a decoradora para os últimos detalhes da arrumação. Bem, eu tirei meu pên-du-lo do pescoço e andei pela sala checando as energias que fluíam e as que em-pa-ca-vam. Sim, tudo estava bem. Quer dizer, alguns sofás pre-ci-sa-vam ser mudados de lugar porque o chi do canto noroeste da sala não estava fluindo de forma natural. Chi? O que é chi? Ah, se o senhor não sabe, eu não vou explicar, é um lance assim de uma energia que ro-la, entende? Não? Deixa pra lá. Bem, após a mu-dan-ça de sofás, a bruaca, digo, decoradora foi embora e eu fui botar tarô par o Velho. Tarô? Claro que eu en-ten-do de tarô, oras, e eu não disse para o senhor que sou um consultor holístico? Com que mais mexe um consultor ho-lís-ti-co? Meu caro, com tudo que en-vol-va a alma e seu crescimento. Tipo o que? Ah, Deus, como é de-sa-gra-dá-vel lidar com leigos... bem, eu me especializei em feng shui, terapia com cristais, florais, terapia e regressão à vidas passadas, es-tu-do dos trânsitos do sol, da lua e dos pla-ne-tas, comunicação com anjos, comunicação com es-pí-ri-tos, manifestação de efeitos astrais no plano físico, enfim, toda uma sor-te de atividades no cam-po da ciência holística, que eu não espero que o senhor entenda. Como eu ia dizendo, botei cartas para o Velho e a verdade se revelou. Sim, sim, sim. Como eu sei? A carta do enforcado saiu duas vezes para o Velho du-ran-te a sessão. Maus presságios, muito maus. Meio abalado, o Velho foi tomar banho e descansar antes da festa. E eu fui passear nos jar-dins com o Naná. Digo, com o senhor Cabelo. Bem, passeamos, passeamos e...como? Se eu chamei o senhor Cabelo de Naná? Que é isso, de forma alguma! Nã-nã-ni-nã-não! Tenho pelo senhor Cabelo estima e respeito profissionais. Após o pe-que-no passeio, eu me dirigi para meus aposentos para tirar as folhas dos cabelos e me pre-pa-rar para a festa. Folhas nos cabelos? Se eu me deitei na gra-ma? E porque eu me deitaria na grama com o senhor Cabelo? Ora, e quem falou no senhor Cabelo? Eu? Não foi o senhor?
O senhor está me con-fun-din-do, depois do passeio eu fui para meus aposentos, tomei banho de es-pu-ma, lavei a cabela com shampoo to-na-li-zan-te, coloquei meu smoking de ce-tim doirado, minhas botinhas de pe-li-ca, e desci para os folguedos.
Sim, algumas pessoas já haviam chegado, claro. Quem? Ora, De-te-ti-ve, as pessoas de sempre, não eram muitos os que aturavam o Velho, convenhamos. Dei um bordejo, comi uns salgadinhos de camarão, tomei uns birináites tra-zi-dos pelo senhor Ca-be-lo que é muito gentil e depois acomodei-me com os outros convidados para o jantar. O jan-tar? Foi agradável. Bem, se o senhor quer saber, a co-dor-na estava meio seca, os camarões estavam aguados, o mo-lho estava mal tem-pe-ra-do e o vinho, sinceramente...o quê? Ah, sim, desculpe, retornemos. O jantar correu sem grandes dramas. Após o jantar, cha-ru-to, li-cor para as senhouras, conhaque para os cavalheiros, conversa amena. Então, deu-se a desdita. Qual desdita? Bem, Naná, quero dizer, o senhor Cabelo sentiu câimbras. Câimbras horríveis, pobrezinho. E, bem, enquanto consultor holístico, sou formado em Massagem Indonésia Relaxante de Alto Impacto. É uma técnica oriental de massagem, coisa seríssima, ciência pura. Então, fomos até os aposentos do senhor Cabelo, onde eu lhe dei um trato, quero dizer, onde eu lhe apliquei uma belíssima massagem que o deixou novo em fo-lha. Após a massagem eu deixei o senhor Cabelo se re-cu-pe-ran-do e rumei de volta ao salão para reunir meu eu físico com o dos outros con-vi-da-dos. E foi exatamente neste momento em que eu ouvi um gri-to. Um grito apavorante, horroroso, assustador. Um grito não-humano, Detetive, ouça bem o que eu lhe di-go, eu estou acostumado a lidar com o Insondável, com o Inominável, com o Insofismável, com o...o quê? Tá, desculpe. Bem, eu corri em direção ao grito, entrei na biblioteca e vi o corpo físico do Velho ali, esticado no chão, com uma fa-ca nas costas. Que horror, Detetive. Olha, lamentável. Mas então, quando todos es-ta-vam ali sem saber o que fazer, o senhor Cabelo, aquele homem vi-go-ro-so e safo, teve a diligência de cha-mar o senhor para resolver essa história. Eu? Eu não tinha mo-ti-vo nenhum para matar o Velho, faça-me o favor, Detetive! O Velho era quem sus-tem-ta-va esse meu modo de vida luxuoso e de glamour! Detetive, graças à consultoria holística que eu presto para o Velho é que eu posso viver no luxo e na opulência, Detetive! Eu já-mais faria isso! E depois, pense bem, uma facada nas costas, o Velho ali caído de qualquer jeito, jogado, em estado lamentável, san-gran-do, babando, credo. Eu jamais faria isso, se eu fosse matar alguém eu...não, quero dizer, eu JAMAIS mataria alguém. De-te-ti-ve, nunca, nun-ca. É, sim senhor, basicamente é só isso que eu tenho a dizer. Números azuis? O Velho ti-nha números azuis gravados no braço? Ah, sim, Detetive, veja bem, isso é parte do nosso ritual holístico.
Sim. Bem, entenda, Detetive, eu realizava todo um trabalho de interligação cós-mi-ca astral com o Velho, para que ele, a nível de ser hu-ma-no enquanto pessoa, fizesse uma re-li-ga-ção sensorial com seu eu mais profundo. O senhor? Não Detetive, com o seu eu dele, não o seu eu do senhor. Pelo amor da Deusa! Isso. E nós fazíamos toda essa religação sensorial através da numerologia, outra ciência holística na qual sou especializado. Assim sendo, os nú-me-ros no braço dele foram es-cri-tos ali como parte de um processo de crescimento interior de dentro, en-ten-de? Ora, não por isso, não me agradeça, tenho prazer em ajudar a lei, ainda mais quando ela representada por um ra-pa-gão tão bem apanhado quanto o senhor! O que, mais uma pergunta? Cla-ro, pois não. Que fo-to? Ah, a dessa senhoura sobre a escrivaninha? O senhor achou essa senhoura parecida comigo? Espero que sim, Detetive, pois essa é minha falecida mãe, irmã do Velho. Eu sou o sobrinho dele e único her-dei-ro, o senhor não sabia?

17 comentários:

Raquel disse...

Sen-sa-cio-nal! E ainda por cima, parente, hein? E o Naná? Quer dizer, Cabelo... quem poderia imaginar!

*Renata Costa* disse...

Naná, Naná.......

Isso tá ficando demais!!!

Anônimo disse...

a vida é cheia de surpresas, gente. quem diria.

Anônimo disse...

creeeeeedooooooooooo
será mesmo que nosso amigo cabelo teria a coragem de ser "tratado" por esse esquisitão meio gagooo?!?!?!!?!?!?!??!

se for isso mesmo tenho que rever meus conceitos...
uahuahuahauhauhauh

Anônimo disse...

Alguém mentiu no depoimento. Ou o Danton ou o Cabelo. O primeiro disse que encontrou o corpo na biblioteca. Já o Cabelo, disse que encontrou no corredor.

Se bem que, depois desse depoimento, eu entendo que o Naná tenha bons motivos para mentir...

Anônimo disse...

O Cabelo nega, nega, mas a vida é assim mesmo, a pessoua tem que assumir, tão bonito isso, um casal jovem, feliz, apaixonado, que é que tem?

Anônimo disse...

Humpf. A gente passa a vida sendo fã do blog da pessoa pra ela vir aqui chamar a gente de viado na frente de todo mundo. :P

Lord of Waters disse...

Muito bom!

E finalmente ficou explicado o número azul que eu tanto insisti em ressaltar...ou não. Não sei se isso é verdade. Se for, minha primeira teoria foi por àgua abaixo.

Claudia Lyra disse...

Huahauhauahua... que bichooonaaaa!!!! Amei!!!

Anônimo disse...

Huhauuahuahu, um homem que, quando tem fome, não vê com o terceiro olho não é demais? ahahahahha

Ri muito, agora dá licença que eu tenho quye reunir meu eu físico com o inanimado travesseiro que tou morta.

Anônimo disse...

"Massagem Indonésia Relaxante de Alto Impacto" ??
Hahahahahahahhahahahahhaha...Êta, Naná, digo, Cabelo...o sobrinho acabou falando demais.
Aliás, que revelação, eim? Essa história tá ficando cabeluda, com perdão do trocadilho =P

Anônimo disse...

e esse tratante acha que é o único parente é!?

bom, vcs verão que já desconfiava da, hum, digamos, bem, sabem como é, daquele jeito, errr, então, sempre achei o cabelo "britânico" demais!

Mymi disse...

Esse Cabelo é Sobrancelha! O que? Foi a primeira parte peluda e feminina que lembrei. =P

Raquel disse...

Sheila, o Danton não é gago. Ele só fala de-va-gar e pau-sa-da-men-te, es-ti-can-do as sí-la-bas, en-ten-deu?

Lady Sith disse...

Hmmmmmmmmmmm, Cabelo, quem diria?

Danton Varejão ar-ra-sou. E matou o velho para poder viver no luxo e na opulência com o Naná.

Camila disse...

uhahauahuah

muito booom!!!
Quem di-ria, Naná???
hehe

Anônimo disse...

COMO UM CORPO PODE COLAR-SE A UMA IDÉIA OU A UM CORPO?(BARTHES,(1978)