terça-feira, 21 de agosto de 2007

Parquestilomeno Mano

Meu nome é Parquestilomeno de Souza Andrade Costa da Silva Aguiar, mas os meus amigo me chamam de Mano. Não, não, não sou um adorador de rap ou algo que o valha, mas esse apelido veio graças a uma homenagem ao grande Wilson Mano, Deus da raça.
Mas isso pouco importa, tendo como base a enrascada que eu fui me meter. Veja bem, eu nunca gostei muito desse velho e isso vem de longa data. Você quer saber por que? Tá, te conto.
Eu sempre fui um perdedor na vida. Perdia em todos os jogos que disputava. Pôquer, fubeca, sinuca, pião, carambola, qualquer coisa eu perdia. Uma vez joguei par ou ímpar com o espelho e perdi de 4 a 0.
Nas apostas então, eu era um desastre, nunca ganhei uma. Uma vez uns amigos arrumaram uma rifa para eu comprar e eu escolhi o número 33. Para o sorteio, eles encheram um chapéu de palha com o número 33 e pediram para eu retirar o número.
“Deu 55”, falei após puxar o selo que marca o número do chapéu.
E minha vida foi seguindo assim por muito tempo até que, para comemorar a “Festa do Maçarico de 82”, o prefeito da cidade resolveu instituir uma nova competição que me animou.
“Cinco mil cruzeiros para o nome mais feio da festa”. Tava ganho. Como alguém poderia ter um nome pior que o meu? Pior que o meu não seria nem nome, mas uma ofensa imperdoável.
Pois é... Eu estava confiante e liquidava cada adversário que surgia até aparecer o Austregésilo. Veja bem... Austregésilo não dá. Por menos que isso eu já vi morte.
Pois é, perdi a aposta e vivi perambulando até semana passada quando, pedindo minha esmolinha, uma pessoa me disse:
“Você não é o Parquestilomeno?”
Reconheci na hora a voz do meu algoz e pensei em dar uma porrada na fuça dele, mas o excesso de bugio não deixou. Se aproveitando que eu estava me recuperando da queda involuntária, ele colocou um papel no meu bolso e disse que teria uma festa e queria que eu fosse e que queria se desculpar por acabar com minha vida.
Resolvi comparecer, mas confesso que não tinha as melhores das intenções. Pensava em chamar ele num canto e enchê-lo de pancada. Quem sabe até fazer ele descer em um tobogã cheio de giletes com uma tina de álcool embaixo.
Ao chegar à festa, percebi que minha vingança seria mais difícil que eu pensava. Assim que entrei avistei a casa, vi os outros doi... ops, convidados e avistei uma mesa de jogo de dados e resolvi fazer uma fezinha. Na primeira jogada saiu um olho de cobra e logo percebi que era outro olho que estava correndo risco.
Passei para o 21, onde perdi o restante do meu dinheiro e depois fui para a roleta, onde o que perdi foi a dignidade. E a capacidade de sentar em superfícies duras que vai durar por algum tempo.
Já estava quase desistindo quando vi o Austregésilo na minha frente. Fui com a intenção de dar uma muqueta na fuça dele, mas fui parado com um gesto gentil do anfitrião que disse:
“Aposto que você já perdeu todo seu dinheiro”. Droga, perdi outra aposta.
Mas eu iria aproveitar a primeira oportunidade para dar cabo desse pilantra. O que eu não contava no meu plano é que eu iria encher a lata de manguaça e não conseguia mais encontrar o sacripanta.
Só recobrei a consciência quando vi a barulheira na sala e todo mundo falando que ele morreu, bateu com as 10, vestiu o paletó de madeira, foi pra terra dos pés juntos, foi pro vinagre, colocou algodão no nariz.
Agora tem um monte de pessoas aqui e uma dela é o assassino e tem uns detetives perguntando um monte de coisas para todo mundo.
O mais assustador é que uma de nós é o assassino, mas tenho certeza que não fui eu, afinal, apostei uma garrafa de caninha com o Ezequiel e com o Gilmar Fubá que dessa vez eu dava cabo do velho.

10 comentários:

Anônimo disse...

Esse blog é viciante.

Anônimo disse...

Tipo, você aposta que não foi você? Não o faça, porque isso seria assinar a confissão de culpa!

Só pra saber: você acha que o mordomo parecia gay? Acho que isso também deveria ser investigado... Estamos ficando curiosos quanto a isso quase tanto quanto estamos com quem é o culpado.

Anônimo disse...

Pelo seu longo histórico acho que, pelo menos dessa vez, você se safou...rs

Anônimo disse...

já disseram, esse cabelo é peruca!

Anônimo disse...

esse texto é deveras corinthiano em sua simploridade sândica.

Anônimo disse...

Dennnner,

voce tá servindo comida pra fora também?

Marcelo "Muta" Ramos disse...

um cara sortudo assim é mesmo impressionante né?

Anônimo disse...

Esse texto foi uma das melhores histórias do blog. Genial, cara. Genial!

Lady Sith disse...

Austregésilo não é mesmo um nome mais feio do que Parquestilomeno.


Gostei. Não sei se tenho pena ou se rio a falta de sorte do Mano. Parece até alguém que eu conheço.

Sidarta Martins disse...

Gostei do seu texto, coloquei-o linkado a um texto de um corinthiano experiente e, logo, sofrido - http://nacal.blogspot.com/2007/12/manuscrito-numa-garrafa.html

Abraços,